Goniadidae Kinberg, 1866

 

Os goniadídeos são vermes delgados e cilíndricos que facilmente atingem comprimentos maiores que 14 cm (Blake et al., 2000) podendo chegar a até 76 cm ( Beesley et al., 2000). São facilmente reconhecidos pelo prostômio acuminado e anelado, e pela divisão do corpo em região anterior com parapódios unirremes e região posterior com parapódios birremes, sendo que esta transição pode ser abrupta ou não. Outra característica marcante é a enorme probóscide muscular com vários dentes de diferentes tamanhos na ponta. Estes poliquetas ocorrem desde o entre-marés até profundidades abissais, porém raramente são encontrados em densidades elevadas. Podem ser diferenciados de seu grupo irmão, os glicerídeos, pelas maxilas consistirem em um par de macrognatas circulada por micrognatas, por apresentar parapódios maiores, por ser tipicamente mais cilíndricos e ainda, segundo Fauchald & Jumars (1979), por terem tendência a ser mais comuns em águas profundas.

 

Hábitos. Pouco se sabe sobre os hábitos alimentares destes poliquetas. Eles foram considerados por Fauchald & Jumars (1979) carnívoros, mesmo não havendo evidências diretas sobre isto na literatura consultada. Blake et al. (2000) concorda com esta afirmação e a justifica pela presença da probóscide eversível com mandíbulas, apesar de existir apenas um estudo sobre o assunto. Segundo Southward & Southward (1972), alguns goniadídeos podem se alimentar de matéria orgânica dissolvida.

Os padrões locomotores são pouco conhecidos para esta família; eles não são tubícolas, mas se constroem sistemas de canais ou se movem livremente ainda não se tem conhecimento (Fauchald & Jumars, 1979).

Apresentam os sexos separados e reprodução sexuada na maioria dos casos, podendo ocorrer reprodução assexuada por esquizogonia no gênero Ophioglycera Verrill, 1885 (Moore, 1903; Hartman, 1950). Os adultos maduros se tornam epítocos, que são caracterizados pela degeneração da parte posterior do intestino, pelas longas cerdas simples entre as compostas originais e pelos lobos neuropodiais hipertrofiados. Segundo Blake et al. (2000) eles morrem logo após o enxameamento, porém Beesley (2000) coloca que gonodutos funcionais foram descritos em Goniada Audouin & Milne Edwards, 1833, por Goodrich (1895) e por Fage (1906), e que isto pode indicar que o enxameamento não está associado à ruptura do corpo e morte.

Status taxonômico. Esta família está dividida em cerca de 10 gêneros e 65 espécies, e os gêneros mais representativos são Goniada e Glycinde Muller, 1858que compreendem aproximadamente 85% das espécies. Para a costa do Brasil já foram reportadas espécies dos gêneros Goniada, Glycinde, Ophioglycera e Goniadides Hartmann-Schröder, 1960. No litoral paranaense 6 espécies já foram identificadas, não havendo registros de representante de Ophioglycera.

 

DESCRIÇÃO

Apresentam o prostômio acuminado e anelado, que carrega em seu anel terminal dois pares de pequenos apêndices. Estes apêndices foram denominados por Hartman (1950) como antenas, e por Fauchald & Jumars (1997) como um par de antenas e um par de palpos, sendo estes localizados ventralmente, menores e não articulados. Frequentemente apresentam um par de olhos pontuais subdermais no anel basal e outro no anel terminal. A probóscide eversível é muito longa, cilíndrica e equipada com uma variedade de maxilas terminais (macro- e micrognatas) arranjados em um círculo, completo ou não. Esta ainda é coberta por órgãos proboscidiais (ou papilas proboscidiais) que são bem desenvolvidos e de vários tipos, que podem variar ao longo da probóscide. Podem ainda aparecer chevrons na parte basal da probóscide. O peristômio e os primeiros segmentos geralmente se fundem e ventralmente cercam a boca; os parapódios nestes segmentos são usualmente reduzidos ou perdidos. Os parapódios anteriores são unirremes, representados apenas pelos cirros dorsais e pelo neuropódio; e birremes na região posterior com notopódios quase tão largos quanto os neuropódios; a transição entre as regiões anterior e posterior pode ser abrupta ou gradual. Os cirros ventral e dorsal estão presentes e são grandes, cônicos e inseridos perto do lobo parapodial. Não apresentam brânquias. O pigídio é pequeno e tem dois cirros anais delgados que podem alcançar considerável comprimento.


GÊNEROS COLETADOS

 

Glycinde Muller, 1858

Diagnose. Chevrons ausentes, órgãos proboscidiais grandes e de vários tipos. Cerdas aciculares dos parapódios posteriores retas.

 

Goniada Audouin & Milne Edwards, 1833

Diagnose. Chevrons presentes, órgãos proboscidiais pequenos e geralmente de apenas um tipo. Notocerdas aciculares ou capilares, neurocerdas compostas espinígeras.


ESPÉCIES DISPONÍVEIS

Goniada maculata
Glycinde multidens

Mapa de distribuição
Lista das famílias