Glyceridae Grube, 1850

 

Os integrantes da família Glyceridae são vermes cilíndricos e alongados que apresentam uma enorme probóscide eversível. São encontrados em todos os oceanos do entre-marés até o mar profundo e tem preferência por sedimentos não consolidados por, em geral serem são cavadores ativos. Se perturbados são capazes de se enterrar rapidamente usando a probóscide. Podem atingir comprimentos consideráveis (de 400 a 800 mm) com várias centenas de segmentos, porém por se fragmentarem facilmente espécimes completos são difíceis de coletar. Distinguem-se do seu grupo irmão, os Goniadidae, por terem quatro mandíbulas no final da probóscide eversível e também por, em geral, serem mais cilíndricos e delgados.

 

Hábitos. Os glicerídeos são poliquetas de vida livre e cavadores, que mantêm sistemas de galerias semi-permanentes em substratos não consolidados. Outras espécies são capazes de viver em baixo de rochas e rastejando sob algas.

A maior parte dos pesquisadores classifica os Glyceridae como carnívoros, porém outros autores detectaram hábitos detritívoros e a capacidade de absorver matéria orgânica dissolvida. Os glicerídeos são sensíveis à pequenas diferenças na pressão da água como aquelas causadas pelo movimento de um animal nas proximidades, e se utilizam disto para “planejar” um ataque mais preciso, “calculando” qual a saída de sua galeria que dá o melhor ângulo de ataque. A presa é capturada com um rápido movimento da probóscide (Fauchald & Jumars, 1979) e morta pelo veneno injetado (Böggeman, 2002).

Fauchald & Jumars (1979), com base nas características morfológicas deste grupo, postulam que o hábito carnívoro é o modo de alimentação preferencial para estes animais, porém algumas poucas espécies podem ter se diferenciado, tornando-se detritívoras, e que espécies que vivem em ambientes ricos em nutrientes podem complementar sua alimentação com a absorção da matéria orgânica dissolvida.

Os sexos são separados e não foram observados nem hermafroditismo nem reprodução assexuada. O sistema nefrídeo-genital dos glicerídeos tem nefromixia, no qual o protonefrídeo e o solenócito nunca se abrem para o exterior. Portanto, a liberação das gônadas, na maioria das vezes, ocorre pela ruptura da parede do corpo, porém nem todos os vermes morrem após o enxameamento. Possui larvas que se desenvolvem no plâncton.

Status taxonômico. A família conta com três gêneros e 160 espécies, porém apenas um quarto destas espécies podem ser consideradas válidas (Beesley et al., 2000). Glycera Savigny, 1818 conta com um pouco mais de 50 espécies válidas, e um número igual de sinônimos; Hemipodia Kinberg, 1865 e Glycerella Arwidsson, 1899 contém apenas poucas espécies (Blake et al., 1997). Uma revisão desta família foi feita por Böggeman (2002). Na costa paranaense são encontradas 4 espécies desta família, Hemipodia simplex, Hemipodia californiensis, Glycera americana e Glycera oxycephala.

 

DESCRIÇÃO

 

O prostômio é cônico e anelado e tem quatro apêndices terminais e pode apresentar um par de minúsculos olhos. A probóscide é longa e muscular, e termina em quatro mandíbulas arranjadas em cruz. Vários tipos de papilas cobrem a probóscide, e as espécies podem ser distinguidas pelas papilas presentes. O peristômio é reduzido e papilas terminais estão ausentes. O primeiro segmento com parapódios é similar aos segmentos subseqüentes. Os parapódios são birremes em todos os gêneros exceto Hemipodia, no qual todos são unirremes. Nos parapódios birremes, o neuropódio é maior que o notopódio, e lobos pré- e pós-cerdais assim como lamelas podem estar presentes. Cirros dorsais e ventrais estão presentes. Brânquias verdadeiras estão ausentes, as estruturas denominadas brânquias estão localizadas dorsalmente ao parapódio e não apresentam sistema circulatório. Tais estruturas têm importância taxonômica, porém em algumas espécies elas podem ser retráteis e sua ausência pode ser difícil de verificar. Acículas estão presentes. As notocerdas se presentes são simples e as neurocerdas são compostas. Um par de cirros pigidiais está presente. Esta descrição foi retirada de Beesley et al. (2000), que se baseou em Fauchald & Rouse (1997).


GÊNEROS COLETADOS

 

Hemipodia Kinberg, 1865

Diagnose. Parapódios unirremes, todas as cerdas espinígeras compostas. Prostômio longo, com sete a dez anéis, aileron em forma de haste simples. Órgãos proboscidiais alongados ovais ou filamentosos.


ESPÉCIES DISPONÍVEIS

Hemipodia californiensis

Mapa de distribuição
Lista das famílias