Nereididae Johnston, 1845

 

Os poliquetas desta família são muito comuns e têm sido extensivamente estudados, eles podem variar muito em tamanho, desde poucos milímetros até mais de um metro. Apresentam ampla distribuição ecológica e geográfica, com representantes ocorrendo desde o supra-litoral até zonas abissais, porém a grande maioria das espécies é encontrada no entre-marés e em regiões rasas. Há espécies que vivem em ambientes de alta salinidade, de água salobra e de baixa salinidade (próximo à cabeceira de rios em estuários). Sua coloração pode variar de transparente a tons marrons ou avermelhados. Apesar desta família ter um grande número de gêneros e espécies com muitas variações morfológicas, são facilmente reconhecidos pela presença de dois palpos robustos no prostômio, 1 par de antenas, quatro pares de cirros tentaculares inseridos lateralmente no peristômio e probóscide eversível, divida em anéis oral e mandibular, com um par de mandíbulas, lisa, com paragnatas e/ou papilas distribuídos em padrões regulares.

Hábitos. Os nereidídeos apresentam grande variedade de estratégias alimentares, existem espécies carnívoras, herbívoras, onívoras, comedoras de depósito de superfície, filtradoras e ainda formas capazes de absorver matéria orgânica dissolvida (Fauchald & Jumars, 1979). Os hábitos alimentares desses poliquetas não variam apenas de espécie para espécie, mas também entre as populações das mesmas espécies e ainda, a dieta de uma mesma população pode variar durante o tempo. A presença de mandíbulas e paragnatas na probóscide de algumas espécies não pode ser utilizada como um guia eficaz da estratégia alimentar dos diferentes grupos desta família (Wilson, 2000), pois este hábito é, possivelmente, muito influenciado pela disponibilidade de alimento e pelos diferentes fatores ambientais.

Muitos nereidídeos vivem em praias rochosas, rastejando sob algas ou animais; outros são cavadores em praias areno-lodosas e outros vivem na lama ou nas raízes de árvores nos manguezais. As espécies cavadoras constroem tubos com o muco produzido por uma glândula conspícua localizada na base do parapódio.

Quanto às características reprodutivas, geralmente as espécies são gonocóricas, embora algumas sejam hermafroditas; a fecundação pode ser interna ou externa. A maioria dos nereidídeos apresenta o processo de enxameamento precedido de grandes modificações morfológicas em formas epítocas, que são chamadas heteronereidídeos. Essas modificações ocorrem para que a capacidade natatória e a sensibilidade dos indivíduos sejam aumentadas, pois estes irão para a coluna d’água a fim de liberar os gametas que estão alojados na cavidade celomática. As principais modificações são: hipertrofia dos olhos; os cirros dorsais e ventrais anteriores apresentam base inflada; na região posterior há uma mudança de coloração e modificações parapodiais; as lígulas e lobos parapodiais sofrem hipertrofia, tornando-se lamelares ou foliáceos; as cerdas apresentam forma de remos e são especializadas para a natação. O processo é completado quando os epítocos nadam até a superfície e liberam seus gametas através da ruptura do corpo.

 

Status taxonômico. Segundo Hilbig (2001), esta família conta com cerca de 40 gêneros e 400 espécies, já Rouse & Pleijel (2001) cita que há aproximadamente 500 espécies identificadas. Os maiores gêneros são Nereis (134 espécies), Perinereis (60 espécies), Ceratonereis (53 espécies) e Neanthes (50 espécies); a maioria dos outros gêneros consiste em não mais que duas espécies cada (Hilbig, 2001). Para a costa brasileira foram registradas 43 espécies de nereidídeos (SANTOS, 1996). No litoral paranaense 18 (SANTOS, com. pess.) espécies já foram identificadas.

 

DESCRIÇÃO

São poliquetas com o corpo alongado e com muitos segmentos. Anteriormente, possuem um par de antenas (ausentes em Micronereis e Namanereis malaitae); um par de palpos ventrais usualmente robustos e biarticulados; dois a quatro pares de cirros tentaculares; dois pares de olhos, quando presentes. A probóscide apresenta um par de mandíbulas e, freqüentemente, paragnatas e/ou papilas. Os parapódios são, na maioria das vezes, birremes e usualmente apresentam lobos e cirros. As setas geralmente são compostas, espinígeras ou falcígeras. A maioria dos gêneros não apresenta brânquias, não homólogas, exceto Dendronereis e Dendronereides. Dois cirros pigidiais estão presentes.


GÊNEROS COLETADOS

 

Laeonereis Hartman 1945

Diagnose. Probóscide eversível com tufos de papilas moles no anel mandibular e papilas solitárias no anel oral. Quatro pares de cirros tentaculares; parapódios birremes com cerdas homogonfas. Notosetas espinígeras; neurosetas espinígeras e falcígeras (nos segmentos posteriores). Lobo neuropodial inferior presente.

 

Namalycastis Hartman 1959

Diagnose. Probóscide desprovida de papilas ou paragnatas. Quatro pares de cirros tentaculares; parapódios sub-birremes ou unirremes com cerdas heterogonfas, com notoacículas dispostas ventralmente Notosetas usualmente ausentes; neurosetas espinígeras e falcígeras. Lobo superior notopodial prolongado em segmentos posteriores.

 

Neanthes Kinberg 1866

Diagnose. Probóscide eversível com paragnatas cônicas em todas as áreas da probóscide. Quatro pares de cirros tentaculares; parapódios birremes. Notosetas homogonfas espinígeras; neurosetas homo- e heterogonfas espinígeras e heterogonfas falcígeras.

 

Perinereis Kinberg 1866

Diagnose. Probóscide eversível com paragnatas cônicas e em placas transversais (na área IV). Quatro pares de cirros tentaculares; parapódios birremes. Notosetas homogonfas espinígeras; neurosetas homo- e heterogonfas espinígeras e heterogonfas falcígeras.

 

Platynereis Kinberg 1866

Diagnose. Probóscide eversível com paragnatas em grupos pectinados. Quatro pares de cirros tentaculares; parapódios birremes. Notosetas homogonfas espinígeras e falcígeras, as últimas algumas vezes fundidas formando falcígeras simples; neurosetas homo- e heterogonfas espinígeras e heterogonfas falcígeras.


ESPÉCIES DISPONÍVEIS


Mapa de distribuição